quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Como lidar conosco

Mudei de área aqui na Copel e decidi fazer uma apresentação para quebrar o gelo com dicas sobre o convívio de
pessoas com e sem deficiência visual. O texto original é do MAQ, mudei pouquíssima coisa e o Gian me ajudou com as
figuras. A apresentação tem bem mais texto do que o aceitável, mas isso é de propósito, visto que a intenção é muito
mais instrutiva do que apresentativa, como se fosse um folder. Fiquei muito feliz com o resultado, onseguimos deixá-la
pedagógica e engraçadinha.

A apresentação está hospedada em:
http://www.slideshare.net/GessicaMichelle/como-lidar-conosco-10715310

O texto na íntegra do MAQ está em:
www.bengalalegal.com.br/lidar

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tragédias e cotocos de madeira

A cegueira é feia, não tem nada de poético, nem de belo, nada de bom que se aproveite. 
A cegueira é uma tragédia, não importa quando é que aconteça, se na atrofia das retinas do bebê
que ficou na incubadora, se no rapaz que levou um tiro, se como brinde da diabetes, se concequência da cataratas ou do
glaucoma. A cegueira é tragédia como paraplegia, como a perda de um ente querido, como prédio que desaba ou navio que
naufraga.
Porém tragédias acontecem o tempo todo e quando a maturidade chega ninguém é mais café-com-leite, os meus amigos e
parentes queridos vão se afastar, vão morrer, vão me desapontar, independente das feridas ou da profundidade das feridas
que eu carrego no peito ou das deficiências que eu levo no meu corpo.
Eu tenho que aprender a administrar a cegueira
suportando-a com todo o resto que tem de bom, para que quando as tragédias do cotidiano cheguem, eu seja capaz de me
manter de pé.
Além do que, ou adiquire-se nova capacidade de ver os milagres também oferecidos pelo cotidiano, ou a feiura vai tomar conta e, daqui
a pouco, até o que era colorido desbota e a vida perde toda graça.
É mais ou menos assim, se o navio virar, afundar e não sobrar nenhum sobrevivente além de mim, eu vou me agarrar no primeiro cotoco de
madeira que aparecer, eu não vou ligar de onde é que ele veio, vou ser grata e colocar minhas esperanças naquele pedaço
de madeira e sobreviver.
Ser grata pela sobrevivência oferecida pelo cotoco não significa que ele virou o cruzeiro dos
sonhos, muito menos que o mar não vai ter ondas, nem que a solidão, a fome, a sede e o desespero não não se dissipar.
Ser grata pelo que me ajudou a sobreviver é simplesmente usar o que me restou para continuar sobrevivendo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ainda sobre doação que é fardo

Quando o cego Bartimeu gritou pela misericórdia de Jesus Cristo, Jesus perguntou a ele o que ele queria, parece
coisa inútil, normalmente a gentileza parece mesmo, mas não é.
A gentileza não é inútil e nem é excesso, gentileza é à medida que respeita o mistério que o outro é e só o tempo
é capaz de revelar, tempo expresso tanto numa conversa quanto numa vida toda. Conversa de cunho simples que pode ter
início com um simples "o que queres que eu te faça?", ou, em outras palavras, "posso te ajudar?".
Gentileza é a extrapolação da boa educação, a boa educação vem do treino, da rotina, das palavrinhas bem
calculadas e adequadas à situação. Boa educação tem haver com empatia, gentileza tem haver com a admissão de que a
empatia é impossível, porque mais que tentemos nos colocar no lugar do outro, a verdade é que nós não fazemos idéia do
que se passa com ele.
Tem gente que diz que é difícil chegar à obediência do Senhor quando ele diz tantas repetidas vezes "Seja como
Eu", "Ama a Deus acima de todas as coisas, ama teu próximo como a ti mesmo", mas isso é uma incongruência se levarmos em
conta que ele também diz "o meu fardo é leve", também às palavras dos Gênises quando é afirmado que nós já somos imagem
e semelhança de Deus.
Como eu acho que dá pra nós nos achegarmos a Deus? Com gentileza, e só. Como é que eu acho que conseguimos chegar
a esse nível de santidade? Sei não... mas desconfio que o diálogo é um ótimo começo.