quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Doce sim, podre não

"Leonard:... mel atrai mais moscas do que vinagre.
Sheldon: esterco mais ainda, e daí?" (The Big Bang Theory)

É certo e comprovado que a única forma de atrair aqueles que nos elevam é a procura em ser maior; e para ser bom, é imprescindível, no mínimo, ter boa educação. Em contra partida, um espírito sem vontade própria apodrece. Um ser humano que diz sim a tudo e a todos não consegue fazer o próprio caminho e se é incapaz de tomar decisões a respeito de si mesmo nunca vai saber a que veio a esse mundo.
Não é oito, nem 80. Ser doce sim, ser podre não. Conversar sim, concordar não. E discordar não significa semear discórdia.
Aceito que devo sempre ouvir aqueles que são mais experientes e que é mais fácil pautar algumas escolhas pela experiência anterior, mas também sei que o senso comum, às vezes, dita regras de desalento por pura inércia. Tenho consciência que idéias novas balançam alicerces, mas também sei que alicerces fracos balançam por qualquer coisa.
Se não insisto nos meus próprios objetivos, não vai me eximir da culpa e não vai diminuir a minha frustração pensar que não fiz o que quis fazer porque "tentei agradar", ou porque "tive medo do que os outros poderiam falar". Afinal, a minha felicidade é responsabilidade só minha.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Noves fora

"Quem disse que isso era impossível? E que grandes vitórias tem você a seu crédito para julgar os outros com exatidão?"
(Napoleon Hill).

A de se cuidar com quem se denomina especialista. A de se cuidar com quem se diz com razão. Reforço sempre que o
bem de uma palavra amiga não deve ser subestimado, mas a de se cuidar não só do que se diz, como também do que se ouve.
Toda gente tem uma história e, em demasiadas vezes, a mágoa e a desilusão que essa história provoca, supera a
visão, o conhecimento e até mesmo o bom senso.
Em "Comer, Rezar, Amar", Elizabeth Gilbert cita Santo Antônio: diz-se que o Santo estava jejuando no deserto e
anjos lhe apareceram - às vezes com formas de anjos, às vezes com formas de demônios -, demônios também lhe apareceram -
às vezes com formas de demônios, às vezes com formas de anjos -; o Santo sabia diferenciar quem era anjo e quem era
demônio pelo modo que ele ficava depois das aparições.
É certo que no mesmo coração que foi plantado trigo, também foi plantado joio... É uma pena. Como é que faz pra
saber se a pessoa está nos oferecendo trigo ou joio? Pois é... Sei não. Eu sou gente também, isso também se aplica a mim
e não sou santa pra identificar as situações com precisão. Soma-se à caixinha de surpresas que o próximo é, com o
despreparo como eu estou... Noves fora... Sobra a questão: foi ele quem me ofereceu algo ruim ou fui eu quem não soube
receber?
Como eu não leio mentes, mãos ou bola de cristal, acho que é mais sensato não julgar.
Sem resposta exata, a conversa sempre me pareceu a melhor aproximação, quando o diálogo civilizado demonstra-se
improvável, tento abreviá-lo, do contrário, troco experiências da forma mais ponderada possível. Dá certo sempre? Claro
que não, vez em quando tenho que exercitar o dom da paciência e da sobriedade e ouvir... e ouvir... e ouvir. Mas,
olhando ao meu redor [noves fora de novo], acho que tenho me saído razoavelmente bem.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sonhar me faz um bem...

"... o sonho é a força que faz a vida ser real..." (Padre Fábio)

A única coisa que eu fiz a vida inteira foi sobreviver. Engraçado, porque quando paro pra pensar... Até que eu cheguei longe. Como é que eu fiz? Bem, o filho estudante de publicidade da minha professora de mobilidade inventou o jargão "sou cego, não nego, enxergo quando puder", adotei a frase como filosofia de vida. O corpo que eu tenho é esse, a minha história é essa e é daqui que eu começo.
Contudo, sempre olhei para minhas vitórias como pessoais, sem prestígio, não coleciono troféus, não me vejo como uma competidora. Eu me vejo mais como artista, cujo palco é o tempo e a platéia é a minha consciência.
Pode parecer falsa modéstia, admito sim o meu pioneirismo sob alguns aspectos, mas não percebo no que fiz ou faço grande relevância, eu nunca lutei a favor ou contra ideologias ou crenças, muito pelo contrário, eu não forço minha presença, prefiro muito mais ser aceita. Nunca tentei chamar a atenção para mim mesma, nem procurei ser a estrela nos meus nichos de convivência. Inclusive, lembro que esse foi um dos primeiros conselhos que recebi do Professor Colling: não tente ser mártir.
O que faço é simplesmente sonhar, acreditar tanto tanto tanto em mim, na humanidade e na possibilidade de ser
feliz, que não há situação ou pessoa que me convença do contrário. Eu me convenci que a habilidade na profissão de ser gente é amar, a meta é a felicidade e o que nutre é sonhar, por isso posso dizer, com toda a certeza que, nessa profição, eu já fiz carreira.

Amar para além do agora

Os que se amam querem-se para além do corpo: são cúmplices de alma. Ele descobre nela o mistério e a importância
de ser mulher, porque ela ou é, ou será mãe dos seus filhos. Ela descobre nele o mistério e a importância de ser homem,
porque ele será ou é o pai dos seus filhos. O que os move não é apenas o prazer do sexo: é o prazer da pertença, da
presença e da continuidade. Também há libido e desejo carnal, mas há um algo mais que transcende ao corpo, à libido e ao
desejo.
Para eles as palavras eu te amo, eu te quero, tem outra dimensão. Ela pode contar com ele para o que der e vier,
ele conta com ela, sempre, para o que der e vier. Nem um, nem outro acham palavras para descrever o que realmente sentem
um pelo outro, mas um sabe o que o outro sente.
Toda essa gama de sentimentos duradouros que incluem confiança, esperança, perdão, admiração, desejo, eles condensam
numa palavra: "amor". Assim se tratam. E quando são religiosos, atribuem a Deus a graça de um haver encontrado o outro.
Num mundo de bilhões de pessoas, de repente os dois se acharam e de tal maneira se encaixaram que há séculos pareciam
ter sido feitos um para o outro.
Era alguém como ele que ela buscava, alguém como ela que ele buscava. Um dia, em algum lugar, em determinada
circunstância, os dois olhares se cruzaram. Não se imaginam separados nunca mais, nem mesmo na eternidade.
É por isso que amar é diferente. Isto que se vê nas capas de revistas de bancas, nos vídeos pornográficos, nos
programas ousados de televisão, em novelas, nas praias e nas ruas é desejo oculto ou expresso de acasalamento
momentâneo. Amar é outra coisa. Casais que se amam sabem a diferença. Os que descobrem que não se amavam são pessoas que
jamais amaram, terão um pouco mais de dificuldade para entender esta relação. Por isso, é preciso ouvir os que amam. São
donos de si mesmos, mas sabem que já não se pertencem. Amam-se porque um descobriu parte do mistério do outro! O que
falta eles pretendem descobrir durante um longo casamento. O amor quando é amor, trabalha com o mistério do tempo.

Autor: Padre Zezinho
Fonte: www.padrezezinhoscj.com

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Olho d'água

João Bosco, numa entrevista pra rádio, descreveu o ato de compor como uma epifania que acontece depois de preparo
e dedicação. O amor sempre me pareceu à mesma coisa, a obra prima na profissão de ser gente. Como não dá pra amar na
solidão, muda a matemática só, ao invés de ser um, são dois.
Ele coloca a descoberta da composição como se a obra estivesse escondida e revelasse a si. Como olho d'água que já
existe e passa a brotar da terra que permite. Enquanto eu o ouvia, complementava cá comigo, como ser saciado pelo
frescor que brota da boca de quem leva amor no coração.
Conversar com quem ama, é como provar um pedacinho do céu, o engraçado é que se o coração que recebe está
despreparado, ele não é capaz de apreciar o buquê.
Saber desfrutar do amor é amar em troca, estar num ambiente onde existe amor em reciprocidade é como visitar uma
antecipação do paraíso.
O amor não sobrevive à expectativa, ele é gratuito, manifestação perfeita da liberdade, prática verdadeira da
teoria do livre arbítrio.
Amar é conhecer Deus, entender que a vida é a prova de amor Dele e que a gratidão pela existência é o jeito de
amar em troca.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Perdão

Ganhei um lindo presente de aniversário na última missa, foi abordado Mt 18:21-35 na homilia. O padre falou bem e
respeito sua liderança. Eu não estudei Teologia,mas, como sempre, eu tenho que ter minha interpretação. O que eu
entendi é simples demais e não rende um sermão: cada qual é escravo do próprio julgamento, condenado ou liberto por ele.

Nosso I ano

"Se eu sei o que é amor? (...) E, de repente, você tem a certeza de que, se puder ficar perto dessa pessoa, você é capaz
de ser a melhor versão de si mesmo." (Eu, meu irmão e nossa namorada)

Nem por isso, nem por aquilo
(Chico Sena)

Amo você por tudo que somos
Liga rara a do nosso amor
Nobreza de ouro e platina
Na mão carrego meu desejo e te entrego em belas noites
Numa roda de passa-anel
Nunca me enfada o teu fervor
Nem por meus desatinos tu me desprezas
Ao contrário, me ama sem pudor
Tento te tocar nos versos que penso e às vezes escrevo
Na paz e feliz
Eu te falei que ser feliz é ter paz
Você acreditou
Sem ranço
Sem medo do que é porvir
Estarei contigo enquanto matéria
Depois... desapareço num foguete com São Francisco no comando.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A mística do suave depois

Chamo de "mística do suave depois" a atitude de saber esperar, saber adiar e saber dar às coisas seu devido tempo
e hora. O sábio faz com pessoas e coisas o que faz o hortifrutigranjeiro com mangueiras, jabuticabeiras, couves e
laranjeiras: pauta-se pelo tempo delas e não pela sua pressa ou ansiedade de faturar e vender em cima de seus frutos.
Espera que seu fruto amadureça e então dá-lhes não o preço que acha que vale, mas o preço de mercado.
Na era digital e visual, quando tudo está ao nosso alcance com três toques de teclado, quando temos na mão um
telefone celular, um Ipod, um Ipad e, quando basta pressionar alguns botões que, num toque mágico de não mais de nove
números, nos vemos em contato com uma pessoa ou com milhares de seguidores, nesta era digital é fácil esquecer que
idéias, notícias, catequeses e pessoas precisam amadurecer antes de aparecer. Hoje, qualquer noticia imatura, qualquer
fato não digerido nem analisado, qualquer pregador despreparado pode aparecer. Basta ser urgente, apertar as devidas
teclas e dar os devidos toques… A qualidade do produto oferecido não conta. Alguns nem sequer preparam o que dirão.
Enfrentam câmeras e microfones sem nem mesmo perguntar sobre o tema do dia. Mas serão ouvidos e aparecerão. Então vão lá
contando com seu charme e sua graça pessoal.
O resultado é a ansiedade do aqui-agora-já. Urgentizam a vida, urgentizam Deus, urgentizam o milagre, urgentizam
as finanças. Apressam resultados.
Compre, adquira, financie agora e pague depois… Converta-se hoje a Jesus na nossa Igreja. Deus quer você agora,
hoje. Saia daqui como dizimista e contribuinte. Dê um passo à frente e entregue-se a Jesus agora! Deixe-se tocar pelo
Espírito agora! Deus o recompensará hoje. Venha lá que hoje às 15 horas haverá milagres. Eu garanto! Tome este chá, use
quatro desses comprimidos e o resultado será imediato, emagreça em três semanas, digite, fume, beba agora. Satisfaça-se,
gratifique-se. Você merece. Por que deixar para depois o que você pode agora? Por que segurar um casamento que vai mal,
se a outra pessoa faz você feliz? Divorcie-se e parta para outra… Quem sabe de você é você. Não tenha medo de ser feliz.
Siga seu coração. Pense primeiro em você…
O discurso esta na mídia em pregações e novelas e no marketing imediatista que precisa convencer e vencer logo…
Nesta esteira, as pessoas fumam quando sentem vontade, fazem sexo quando dá vontade, bebem quando vem a urgência,
digitam 24 horas por dia, prendem-se à Internet, ao Facebook, ao Twitter com a garantia de que, se quiserem, pararão na
mesma hora. Mas não param porque seu TIC e seu TOC já virou compulsão. O drogado ou alcoólatra também, diz que para
quando quer, mas não quer nem para. Ele também garante que não está viciado e se ofende quando alguém lhe sugere
tratamento. O certo é que a pessoa caiu na armadilha do "agora". Aquele momento precisa ser preenchido. No caso do agora
da comunicação há seguidores do lado de lá desesperados por fatos novos, ou há um emissor do lado de cá desesperado por
alimentar seu novo Pokémon que, se não for alimento morre? Não querem deixar seus seguidores sem mensagem ou conseguem
adiar sua necessidade de ser vistos e ouvidos?
Os livros de Bauman, Buber, Marcuse e Baudrillard não são de agradável leitura. Eles vão ao cerne da ação humana
quando analisam Eros e gratificação. Vale o que estou querendo neste momento. Se vai me prender ou criar em mim um
processo de dependência não importa. O que sei é que agora tenho um celular, um instrumento e uma chance e não vou adiar
nada. A frase de Paulo Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém, fica engavetada no livro. Não os atinge. Melhor
dizendo, não nos atinge porque todos temos nossas manias, nossos defeitos, nossos apegos e coisas ou atos que não
aceitamos abandonar ou adiar porque precisamos deles.
Não pense nos outros como vitimas do agora ou depois histérico. Pense em si mesmo. Poucas pessoas vivem um agora e
um depois sereno e sem ansiedade. Nossa era que é a do aqui-agora-já está cheia de imperativos e de ansiedade. Sem o
cigarro, a bebida, o sexo de cada dia ou momento, sem o clic e o toc toc toc de um teclado a pessoa se sente sem ter o
que fazer. Poderia ler um livro como fazia há anos atrás mas agora precisa entrar em contato com alguém que responderá…
Responderá é a palavra chave… Tudo é fruto da pressa em colher vitórias e resultados sem esperar que o fruto
amadureça. Acreditam mais na sua pressa do que no tempo do fruto. Acham que podem apressar o rio, o fruto e os
acontecimentos. Tolo é quem poderia e não faz. Tolo é quem podendo chegar a milhões não o faz. Alguns até conseguem o
sucesso desejado com seu imediatismo. Ficam famosos e ricos em dois anos, mas sua vida se torna artificial e cheia de
artifícios porque, de tanto fazer acontecer esquecem, eles mesmos, de acontecer como pessoa que amadurece aos poucos. A
notícia sobre eles acontece, sua
fome ou sede é saciada com aquele sabor; seu sucesso artificializado acontece, mas, depois, se vê que foi fruto
apressado. Dura menos do que o fruto natural que amadureceu no pé ou em lugar adequado.
Há uma mística do agora suave e do depois suave. E há uma urgência do agora histérico e do depois preguiçoso ou
histérico. Se você não a viu é porque não prestou atenção nos templos, na mídia e nas mensagens que entram em sua casa.
Estão cheios de agora, já , urgente, tem que ser neste exato momento. É a triste história dos toxicômanos repetida na
mídia e no púlpito. Aquele momento, aquela digitação, aquele cigarro, aquela sensação não pode ser adiada. Tem que ser
agora…
A vida na base do tem que ser agora, é fruto de altas expectativas de resultado e de sucesso imediato ou o mais
breve possível. Se ele não vem ou começa a diminuir parece que falta o ar à pessoa que o procura. Esperneia, digita
mais, aparece mais na mídia e faz de tudo para não perder a preeminência. Entra em parafuso. Não admira que tantos
cantores e artistas e até pregadores se afundem na droga ou na depressão. A comunicação fruto de altas expectativas faz
com o comunicador o que o gol que não sai faz com a torcida que foi lá ver o time vencer. Alguns saem rindo e a dizer
que dessa vez não deu. Outros
saem quebrando tudo, acusando o juiz . E foi apenas uma bola que não entrou.Mas vencer era tudo naquela hora! Ver um bom
jogo não fazia parte do plano. Na cabeça da pessoa a vitória era tudo. Era 8 ou 80, tudo ou nada. E dá no que dá. Se não
sai como quero eu quebro, acabo com quem me ousa questionar porque tenho poder e mostro que sei o que quero. Só não
consigo esconder minha frustração porque esperei demais de mim, do meu produto e do meu sucesso. Acabo
achando um culpado que nunca será eu,. Culparei o time, a gravadora, a editora, a ordem, a igreja ou a estação de rádio
ou de televisão e os organizadores do show porque veio tão pouca gente e meu trabalha vendeu tão pouco.
Vejo isso todos os dias. Ânsia de vencer, de vender, de acontecer e de atingir relevância. Se já passei por isso?
Já. Nos começos esperava muito de minhas canções e livros. Tive bons conselheiros. Parei de contabilizar e de verificar
quantos vendi, quantos leram e onde se cantava meus cantos. Soltei-os como se solta um pássaro canoro. Nunca mais me
preocupei com os chamados "retornos". A editora sabia se valia a pena reeditar ou tirar a obra de circulação. Se não
vendeu não foi por falta de exposição. Deve ser porque não agradou a muitos que não divulgaram a muitos. Com algumas
canções das quais eu gostava nada aconteceu. Com outras que eu jamais imaginava que o povo as quisesse aconteceu o
ouvido a ouvido e, para minha surpresa, o livro, a canção a mensagem foi adiante sozinha sem que eu a divulgasse.
Entendi que há uma dinâmica no marketing que escapa ao marketeiro e ao autor. Em algumas regiões o mais famoso cantor do
momento não reúne mais de mil pessoas e o menos conhecido junta vinte mil. O povo nem sempre responde à canção ou ao
marketing. Ninguém domina o capta todo o humor do ouvinte ou telespectador. Dá-se o mesmo na religião. Às vezes quem
teria mais a dizer não acontece e quem tem quase nada porque não lê e não estuda está na crista da onda. É um fenômeno a
ser resolvido pela autoridade da Igreja. É este tipo de pregador e de mensagem que eles querem dando catequese para a
multidão? Então, por que permitem que ele fale duas horas por dia e não levam o outro que tem conteúdo a ocupar o posto
naquele microfone? Não têm poder e jurisdição para isso? Podem ou não incentivar o proibir o pregador imediatista que é
bom de marketing e parco de conteúdo? Vale a pena segurar aquela gente com este tipo de doutrina e com este tipo de
pregador que aparece, mas não repercute a doutrina de sua igreja? Que seleciona a mensagem que lhe interessa? Que só dá
o chantili e o caldinho e nega o conteúdo sólido do bolo e da sopa da igreja? A mística do suave depois ajudaria a
catequese muito mais do que imaginamos. Os apressados teriam que esperar, os lentos demais teriam que se apressar e os
de pouco conteúdo teriam que buscá-lo porque ler eles sabem… Os pouco críticos e sem critério teriam que aprender a
crítica sadia e os críticos demais deveriam aprender a moderar seus comentários. Mas se autoridades da Igreja pedissem
eles deveriam falar. São assuntos a serem debatidos, porque muitos que o fazem sabem explicar porque o fazem. Devem ser
ouvidos. Quem discorda, também. Que se fale do tema, porque entramos na era da competição. Há espaço para todos, mas
alguns se movem tão depressa que atropelam dioceses inteiras. Há que se falar. Como está não faz sentido. Virou
comunicação predatória e ansiosa!

Autor: Padre Zezinho SCJ
Fonte: www.padrezezinhoscj.com

Uma segunda chance, uma segunda opinião

"O apego não quer ir embora. Diacho, Ele tem que querer!" (Maria Gadu)

Algumas pessoas são antipáticas, outras são anti-sociais, algumas são tímidas ou pouco comunicativas. Quietinhas, quem sabe? Eu não sei em qual perfil meu avô se enquadra, mas, seja lá qual for, sempre me pareceu que ele não ligava muito para os outros. Ele não foi no aniversário de 15 anos da minha irmã, muito menos no meu casamento, toda vez que nós o chamávamos para ir em casa ele respondia que ia ver se não tinha uma pescaria marcada.
Ontem, domingo, recebemos o convite para irmos hoje, segunda-feira, no aniversário dele, como sempre que conversamos a respeito dele sempre tem um "pois é, ele não foi, né", a primeira coisa que pensei foi "por que eu iria? Ele não liga".
Hoje, enquanto ouvia Maria Gadu, na música que ela canta sobre sua avó Cila, eu resolvi pensar de novo. E pensar o contrário.
Poxa vida, o velhinho nunca vai a evento algum, raríssimamente convida o povo pra ir a casa dele. Esse aniversário é o de 74 anos! Vai que é o último? Ele me fez falta antes, essa é uma oportunidade pra matar um tantinho assim da saudade que ficou. Será que vale a pena esperar o dodói da falta dele passar? Vai que ele morre? Vou esperar ele morrer pra querer matar a saudade?
Eu vou à noite na casa dele, dar-lhe o presente improvisado e um beijo de feliz aniversário, vou amassar gostoso aquele velhinho barrigudinho e falar como é bom ter alguém a quem chamar de avô.
Eu não sei qual vai ser a reação dele, provavelmente vai me dar um tapinha nas costas e dizer, como sempre, "tá bão, fia" mas eu sei que não importa o que ele tenha guardado pra mim, eu vou receber com o amor de neta que eu guardo cá dentro no coração.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

15 minutos

Às vezes parece que as dificuldades me moldam. Mas às vezes, só às vezes, parece que sou eu quem molda as
dificuldades.

Aprendi muitas coisas com a cegueira, como, por exemplo, contar até 10 antes de falar; valorizar as qualidades e
compreender as imcompatibilidades; respeitar a história de cada um; entender que há diferença entre esperança, fé e
amor... Há ainda muitas outras, mas eu preciso de mais palavras para expressá-las.

Fui apresentada à receita dos bons 15 minutos não faz lá muito tempo. É bem simples, ficar a sós, em paz, e deixar
corpo, mente e coração descansar. Ela não foi apresentada dessa forma a mim, mas foi assim que eu interpretei.
Para ficar a sós e em paz tento cumprir com as obrigações que estão pendentes, cumprir com as responsabilidades
que assumi, assim diminuo a possibilidade de ser interrompida por outras pessoas e deixo a minha consciência tranqüila.
É claro que nem sempre é possível colocar meu mundo em ordem, quando não dá, coloco os tais que estão pendentes numa
sacola, fecho-a, e deixo-a do lado de fora do quarto.
Então, um a um, vou largando os pesos, aliviando meus ombros dos compromissos, da culpa, da frustração, da mágoa,
do medo.
Vou despregando as placas de condições para ser feliz. Eu retiro do meu quadro de vida a lista de objetivos, as
estatísticas, os gráficos de possibilidades, as equações de previsões, os estudos de caso dos outros, os meus estudos de
caso, as comprovações, todo e qualquer sentido.
Vou até meu velho e surrado baú de sonhos, dentre os brinquedos estragados, as invenções incompletas, lá no fundo,
pego minha caixa de impossíveis.
Abro minha caixinha, lá dentro tem um monte de recortes de Jéssica. Uma Géssica sorrindo de olhos bem abertos
olhando sorridente para a câmera. Outra com um lápis na mão, concentrada, fazendo o desenho de uma paisagem. Outra numa
foto 3x4 colada numa CNH. Uma também sorridente, jogando bola, brincando com os amigos na chuva. Uma Géssica jogadora de
basquete, foto tirada enquanto a bola ainda estava no ar indo a direção a cesta...
Pego meus cacos de sonho e colo cada um no meu quadro, nesse mundo que invento eu não sinto dor, o Sol não me faz
mal, os dias chuvosos não me deixam insegura, eu não uso remédios, não preciso explicar pra ninguém a diferença entre
problemas nos olhos, nos ouvidos e no cérebro, faço toda e qualquer coisa sozinha sem limitação física e... Eu posso
ver.

Ah vai, só 15 minutos!