terça-feira, 11 de outubro de 2011

Aparelhos de ar condicionado

"Durante dezesseis anos, eu aprendera a não olhar, a não ver, a não tentar encontrar coisa alguma. Outra pessoa qualquer
sempre encontraria as coisas para mim. Ninguém, nem mesmo eu, acreditou que um dia eu viesse a enxergar. Mas agora meus
olhos estavam cheios de janelas e condicionadores de ar, e meu cérebro começava a funcionar de maneira diferente". (Meir
Schneider)

O que atrapalha no meu corpo é a alergia, conjuntivite alérgica pra ser mais específica. A alergia causa coceira
nos olhos, fotofobia, falta de lágrimas e lacrimejamento (pois é...). A coceira andou de mãos dadas com o ceratocone, o
que me levou ao transplante das duas córneas. O uso prolongado de corticóides na tentativa de controlar a alergia
desenvolveu umas leves cataratas e elevou gradativamente a pressão ocular. A pressão já alta mais os transplantes
causaram picos de pressão que escavaram os nervos óticos. Agora, vira e mexe, uma inflamação ou outra, causadas pela
alergia, acompanhadas de um bichinho levam a processos infecciosos que deixam minhas córneas opacas e meus nervos óticos
cansados.
Quanto à manutenção do glaucoma mais a alergia durante os processos inflamatórios, num aspecto, é uma brincadeira
de estica e puxa: se eu não uso corticóides, os olhos inflamam; se eu uso, a pressão aumenta.
Noutro aspecto, a elevação da pressão coloca o resíduo que eu tenho em risco. O que eu tenho de visão permite que
eu distinga algumas cores, alguns contrastes, cada vez que passo por uma crise inflamatória as imagens ficam um pouco
mais desbotadas (visto que a lesão causada no nervo ótico não escurece o campo visual da periferia para o centro, mas
sim, embranquece de dentro pra fora).
Eu ainda não sei como curar o problema da alergia, mas, quanto aos nervos cansados, já aprendi a dar um jeito.
O jeito são os exercícios de visão intercalados chamados "palming" e "piscamento". Palming trata-se de sentar-se
numa cadeira em frente a uma mesa e repousar os cotovelos confortavelmente em almofadas ou livros, de modo que a postura
fique reta, as palmas das mãos (limpas) devem ser repousadas levemente sobre os olhos fechados. Piscamento é o exercício
de piscar várias vezes seguidas conscientemente, normalmente entre um Palming e outro.
O palming relaxa os nervos óticos, como eu sou glaucomatosa só posso fazer o exercício cinco minutos de cada vez.
O piscamento relaxa os músculos ao redor dos olhos e melhora a sua lubrificação.
Normalmente, eu consigo ver a melhora no outro dia. No mesmo dia, apenas se recebo uma massagem na nuca e no couro
cabeludo, já tentei as auto massagens, mas não causam o mesmo efeito. O meu ponto de referência preferido é o aparelho
de ar condicionado que fica em frente a minha mesa de trabalho. É um daqueles aparelhos quadrados, grandões, que ficam
pendurados na parede. Quando eu estou numa crise, a imagem do aparelho quase não existe, se faço de duas a três horas de
exercícios, no dia seguinte a imagem aparece distinta o suficiente para eu saber que ele existe.
Na verdade eu não vejo o aparelho de ar condicionado, mas eu sei que aquela coisa mais ou menos quadrada e escura
na branquidão da parede é um aparelho de ar condicionado. E conseguir distinguir aquela geringonça me desperta um
alívio, uma esperança, é um bálsamo de uma coisa que apenas aqueles que passam por exercícios de reabilitação conseguem
entender.

Sylvia Lakeland

Graças a Deus minha mãe assistiu ao programa Mais Você num dia de 2009, quando a Sylvia Lakeland [1] apresentou o
seu trabalho e contou a sua história.
Eu pesquisei sobre a Sylvia na Internet e consegui marcar uma entrevista com ela num dia que ela veio palestrar em
Curitiba. Foram os noventa minutos mais saudáveis para os meus olhos em doze anos. Estava um dia de sol e eu não estava
fotofóbica e não precisei usar óculos escuros. Naquela época, A pressão nos olhos rodeava os 16, no mesmo dia eu me
consultei com a Oftalmologista e ela a tingiu oito. E tanto a a aparência dos olhos estava melhor.
Ela me ensinou os exercícios básicos: sunning palming, piscamento, shifting e swinging. Orientou a respeito das
auto massagens e da posição do corpo durante os exercícios. Também me falou sobre o prazer em ver, em olhar, em enxergar
e sobre ter uma visão saudável.

Meier Schneider

A Sylvia conheceu o Meir Schneider [2] quando estava cega, porém com resíduo de visão, e, através dos exercícios
que aprendeu com ele, recuperou a visão em 4 anos.
O Meir, por sua vez, aprendeu os exercícios com um garoto que o ensinou o método do Dr. Willian Bates. Meir nasceu
cego, porém tinha um resíduo de visão, hoje, espalha o seu próprio método por todo o mundo. Quanto à visão, bem, ele
enxerga o bastante para dirigir.

[1] www.lakelandsylvia.com.br
[2] www.self-healing.org.br

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